O sucesso do projeto
de Prevenção de Lesão por Pressão desenvolvido no Hospital Santa Teresa, que
reduziu em 71% a taxa dessa lesão nos pacientes, foi apresentado no 5º
Congresso Latino-Americano de Qualidade e Segurança do Paciente que aconteceu
entre os dias 13 e 16 de outubro no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.Desenvolvido pela
doutora em medicina e Gerente de Qualidade e Segurança do Paciente da
Associação Congregação de Santa Catarina, Daniela Menezes; pela coordenadora de
Qualidade do HST, Ana Paula Stutzel; a enfermeira e Coordenadora de Enfermagem,
Gabriela Fecher; e a enfermeira da Comissão de Curativos, Kamila Malheiros; o
projeto foi iniciado após constatação de uma incidência de 30,95 lesões por
pressão por 1.000 pacientes/dia na UTI São Judas Tadeu.
Durante o estudo
foram constatadas ainda divergências na aplicação da escala de Braden, recurso
utilizado para avaliação das LPPs. Retardo na avaliação de risco após admissão
do paciente; falta de clareza da equipe no tratamento das LPPs; pouca interação
da equipe multidisciplinar com relação às medidas preventivas; aporte
nutricional inadequado; e ausência de envolvimento familiar no cuidado com o
paciente.
Estratégias de
melhorias
A equipe de melhoria,
liderada pela enfermeira Coordenadora de Enfermagem e especialista em
dermatologia, Gabriela Fecher, foi formada por uma enfermeira especialista em
dermatologia, um médico cirurgião, a enfermeira supervisora da UTI, uma
nutricionista, uma fisioterapeuta e duas especialistas em melhoria da qualidade.
Após a detecção dos
pontos fracos, a equipe debruçou-se no planejamento e traçou as estratégias
para resolver o problema. Primeiramente o grupo realizava reuniões diárias e
encontros semanais com objetivo de avaliar e propor ideias de mudança para
serem testadas em pequena escala. Inicialmente o objetivo era reduzir em 50% as
incidências de LPPs na UTI São Judas Tadeu entre março de 2018 até janeiro de
2019.
A estratégia de
melhoria relacionou-se principalmente à padronização do cuidado e alinhamento
das equipes no que tange ao conhecimento teórico, seguindo as recomendações
propostas pelo European Pressure Ulcer
Advisory Panel (EPUAP), National
Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) e Institute
of Healthcare Improvement (IHI). Além disso, era necessário integrar toda a
equipe multidisciplinar e inserir o paciente e seu acompanhante no cuidado.
Ideias de mudança
Estratégias
definidas, a equipe então colocou diversas ideias de mudança em ação. Foram
definidas três áreas de atuação: Identificação do risco de LPP; Medidas
preventivas, com dois focos, um para controle da umidade e temperatura e outro
na redução da pressão e cisalhamento; e Educação.
Ao todo foram 20
medidas adotadas, começando pela realização da avaliação de risco de LPP nas
primeiras quatro horas de admissão do paciente; padronização de métodos de
barreira; inspeção da pele sob e ao redor dos dispositivos médicos duas vezes
ao dia; padronização de fixação de dispositivos médicos; padronização de
relógios de mudança de decúbito; até realizar treinamentos com a equipe;
envolver a família; e criação de material didático para familiar/acompanhante
sobre métodos de prevenção das lesões por pressão.
Resultados
Durante o período
proposto pelo projeto de melhoria, houve uma redução de 71% na taxa de Lesão
por Pressão na UTI, totalizando 41 lesões evitadas durante os nove meses
medidos. “O sentimento é de gratidão com os resultados e com toda a equipe do
Hospital, pois foi junto que atingimos estes números, o trabalho de todos foi
fundamental para alcançarmos esta melhoria e proporcionarmos uma estadia cada
vez melhor aos nossos pacientes”, comentou a enfermeira Gabriela Fecher.
Atualmente o taxa de Lesão por Pressão da UTI São Judas Tadeu está em 16% e com
monitoramento semanal a beira leito.
Expansão e
crescimento do projeto
Após o sucesso
inicial, o projeto foi levado também nas UTIs Cardiológica, UTI São José e na
Unidade de Internação Sagrado Coração de Jesus. Neste mês de outubro o projeto
chegou à UTI Neonatal e Pediátrica Deus Menino e na Unidade de Internação Irmã
Gregória.
– Os novos objetivos
são manter o processo seguro e confiável nestes setores e atingirmos a
sustentabilidade. Seguindo escalas pequenas conforme a metodologia da ciência
da melhoria, vamos expandir para todos os setores do Hospital – ressaltou
Gabriela Fecher.
Em abril de 2019 foi
realizada a primeira Sessão de Aprendizagem Presencial, iniciativa embrionária
da expansão do projeto para as Casas da ACSC na Serra. Em junho o projeto teve
início nos hospitais da serra fluminense: Hospital de Clínicas Nossa Senhora da
Conceição, em Três Rios; e Hospital São José, em Teresópolis e está na primeira
fase de testes.